21 DE ABRIL DE 2022

Familiares dos opositores à ditadura do Estado Novo: contribuição das narrativas para a construção da memória da resistência”

Para melhor compreendermos os diversos ângulos de resistência ao regime do Estado Novo e na faculdade de conservar a reminiscência dos factos passados, é essencial para o acrescer da memória histórica a inclusão da rememoração dos silenciados. 

A cadeia narrativa torna-se assim mais viva e a sua amplitude consolida uma outra perspectiva sobre a consciência histórica, permitindo estabelecer um exercício de interpretação mais explanado sobre um passado ainda desconhecido, um ponto de reencontro com um tempo decorrido, revelador de outras dinâmicas e das suas razões de existência. 

Em grande medida, a importância da problemática da resistência à ditadura tem permanecido na convocação do papel dos opositores neste processo enquanto presos políticos, clandestinos, exilados ou deportados, o que induz à interpretação de que foram estes os seus exclusivos actores, gerando por isso uma avaliação enviesada do concreto panorama de resistência existente no período do Estado Novo.

Atendendo a esta circunstância, a sessão de 21 de Abril próximo, subordinada ao tema “Os familiares dos opositores à ditadura do Estado Novo: contribuição das narrativas para a construção da memória da resistência”, procurará reinterpretar a resistência ao regime ditatorial de Salazar, agregando os testemunhos dos familiares dos opositores políticos, que, enquanto outros protagonistas da resistência, irão contribuir para a reconstituição da história da oposição. E, nesta perspectiva de compreender as reconfigurações dos quotidianos a que os núcleos familiares foram obrigados, coloca-se como imprescindível identificar a acção das mulheres vítimas do aprisionamento do familiar ou da vida clandestina que experienciou, e o seu papel de resiliência e de resistência no enfrentar de uma realidade que alterou profundamente os seus percursos/projectos de vida. 

Embora parte dessas mulheres possa não ter constituído com a sua acção uma oposição manifesta ao regime, muitas delas enfrentaram, contudo, situações-limite, resultantes da desestruturação dos núcleos familiares. As dificuldades económicas, a educação ou a separação dos filhos, muitas vezes entregues a familiares ou à condição de exilados, assim como o afastamento afectivo do companheiro, a humilhação das forças policiais e as interacções sociais que as novas condições impunham foram realidades transversais. Ademais, a reconfiguração imposta dos contextos exigiu capacidade de resistência e superação, num esforço de uma reconstrução adaptada à nova condição.

Nesta perspectiva e a partir de representações contidas na memória, procuraremos reflectir, através do resgatar de vozes, sobre as experiências particulares destas famílias, que ao serem transmissoras de um corolário de resistência, permitem-nos o conhecimento dos mais diversos acontecimentos experienciados e, simultaneamente, proporcionam uma visibilidade merecida a estes resistentes, que até agora têm permanecido no anonimato.

E, neste âmbito, contaremos com as intervenções de: Isabel Soares, Conceição Matos, Levy Baptista e Marianela Valverde; e com os testemunhos de Adelino Pereira da Silva, Álvaro Pato, Carlos José Vitoriano, Guida Pinhão, Herculana Velez, Humberto Candeias, José Sena Lopes, Margarida Machado, Maria de Lurdes Valverde, Maria José Ribeiro, Mário Rui Sena Lopes, Rui Pato e Silvina Madalena Veiga Santos.

Oradores:

  • Isabel Soares, Presidente do Conselho de Administração da Fundação Mário Soares e Maria Barroso, Directora do Colégio Moderno
  • Conceição Matos, activista política, militante do PCP, membro da ex-CNSPP, membro da URAP
  • Levy Baptista, Advogado, Deputado Constituinte (MDP/CDE), Jurista. Executivo da CNSPP (Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos)
  • Marianela Valverde, doutoranda de História Contemporânea da NOVA FCSH, investigadora de HTC – História, Territórios e Comunidades – CFE NOVA FCSH

Testemunhos de:
  • Adelino Pereira da Silva
  • Álvaro Pato
  • Carlos José Vitoriano
  • Guida Pinhão
  • Herculana Velez
  • Humberto Candeias
  • José Sena Lopes
  • Margarida Machado 
  • Maria de Lurdes Valverde
  • Maria José Ribeiro
  • Mário Rui Sena Lopes 
  • Rui Pato 
  • Silvina Madalena Veiga Santos

Moderação: 

  • Maria Fernanda Rollo, Historiadora, HTC – História, Territórios e Comunidades – CFE, NOVA FCSH e Fundação Mário Soares e Maria Barroso

Local:

Fundação Mário Soares e Maria Barroso

Rua de S. Bento, 176 – 1200-821 Lisboa, Portugal

Data e horário:

21 de abril de 2022 – 18h

Modalidade de participação:

Presencial ou online

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