26 DE JANEIRO DE 2023 – 17h30
Homossexualidade feminina. Da marginalização ao reconhecimento e à inclusão.
Durante a longa ditadura portuguesa, a homossexualidade era entendida como um crime e doença, condenada institucionalmente, tanto a nível legal como médico.
Numa sociedade patriarcal e heterossexual, onde a ordem masculina prevalecia sobre todas as outras, a homossexualidade feminina aparentava não existir. Tratava-se, essencialmente, de um processo de desvalorização do lesbianismo, já que a norma assentava na exaltação da assexualidade e castidade da mulher, segundo a qual qualquer expressão da sua sexualidade era entendida como uma ameaça à ordem e moral legitima.
A repressão e pressão social, legal e até mesmo familiar de uma vivência de acordo com a norma heterossexual, originou processos de autorrepressão identitária por parte destas mulheres que assumiram, em vários casos, casamentos heterossexuais, vendo-se impedidas de usufruir de qualquer experiência homossexual. Já a resistência homossexual, nunca abertamente declarada, trilhava outros caminhos possíveis, consubstanciando-se em formas de resistência quotidiana, baseadas em discursos e práticas de ocultação da homossexualidade. Para as mulheres, as práticas de ocultação poderiam ser-lhes facilitadas pelo simples facto de duas raparigas serem tendencialmente consideradas “duas amigas”, o que possibilitava casos de vivência conjunta que, aos olhos do exterior, em nada de “desviante” aparentavam ter.
Nas décadas que se seguiram ao 25 de Abril, e tardiamente quando em comparação com outros países ocidentais, os movimentos LGBT em Portugal empreenderam várias lutas pelos direitos e a cidadania sexual. Contudo, e se institucionalmente são inegáveis as mudanças constatadas (veja-se, por exemplo, a legislação acerca do casamento civil, da adoção, da procriação medicamente assistida e do regime de identidade e expressão de género), a verdade é que, a nível das mentalidades, teimam em persistir quadros de valores conservadores, onde a homofobia social e a aversão à liberdade sexual e afetiva da comunidade LGBT assumem particular destaque.
O Ciclo de Conferências Resistência no Feminino, regressa no novo ano com uma sessão intitulada A homossexualidade feminina: da marginalização ao reconhecimento e à inclusão, que terá lugar no próximo dia 26 de janeiro, quinta-feira, às 17h30. Contaremos com a intervenção de Rita Rato, Paulo Guinote, Joana Matias e Raquel Afonso Louro e a moderação de Mariana de Oliveira Rodrigues.
Intervenções:
“Mulheres e Resistência, Novas Cartas Portuguesas e outras lutas” e “Adeus Pátria e Família” – duas exposições no Museu do Aljube.
Rita Rato — Diretora do Museu do Aljube Resistência e Liberdade
Sexualidades Femininas Alternativas (1900-1950)
Paulo Guinote — Doutorado em História da Educação e Investigador
Como fazer uma história lésbica? Pistas de um trabalho em curso
Joana Matias — IHC (Instituto de História Contemporânea – NOVA FCSH)
Subalternidades lésbicas e formas de resistência quotidiana no Estado Novo
Raquel Afonso Louro — IHC (Instituto de História Contemporânea – NOVA FCSH) / IN2PAST
Moderação:
Mariana de Oliveira Rodrigues — Doutoranda em estudos de género com bolsa de investigação FCT através do CIEG/ISCSP-UL
Data e horário:
26 de janeiro de 2023, quinta-feira, às 17h30 (horário de Lisboa)
Local:
Fundação Mário Soares e Maria Barroso
Rua de S. Bento, 176 – 1200-821 – Lisboa, Portugal
Modalidade de participação:
Presencial ou online
Acesso livre e gratuito.