27 DE OUTUBRO DE 2022 – 17h

As mulheres e o movimento estudantil durante a Ditadura: participação e ativismo nas décadas de 60 e 70 

Ao falarmos da história do movimento estudantil torna-se indispensável falarmos também das histórias individuais de várias mulheres que, de diferentes formas e a diferentes níveis, participaram de forma ativa neste movimento de contestação ao Estado Novo. 

Nos últimos anos do regime, o movimento estudantil, que dava sinais de desencontro com o regime desde meados da década de 50, encontrava-se já em clara dissidência com o mesmo. Raparigas e rapazes de todas as idades, nas universidades e nos liceus, deram corpo a um movimento de contestação que assumiu contornos de maior politização e radicalização. As reivindicações em torno da autonomia universitária e da democratização, que mobilizaram uma primeira geração de estudantes, dão paulatinamente lugar a uma contestação cada vez mais centrada na guerra colonial, na repressão e no sistema político e económico vigente. 

No que respeita à participação destas jovens mulheres no movimento estudantil, veremos como, apesar de num primeiro momento poucas terem sido aquelas que falaram em plenários ou foram eleitas para os corpos dirigentes das Associações de Estudantes, com o passar dos anos, e por vários motivos, a sua presença no movimento associativo torna-se já inegável. Elas marcaram presença nas Reuniões Gerais de Alunos e nos meetings. Afixaram cartazes e distribuíram comunicados aos colegas e à população. Participaram nas greves e nos boicotes às aulas. Foram eleitas para os corpos dirigentes das Associações e conduziram a luta associativa. Opuseram-se impetuosamente à guerra colonial e à repressão. Muitas testemunharam o intensificar da máquina repressiva do regime com o encerramento das Faculdades e das Associações de Estudantes, com a incorporação de milhares de colegas no serviço militar e com a presença contínua da polícia de choque no meio universitário. Algumas foram alvo de mandados de captura, de processos disciplinares e de suspensões de frequência das Universidades. Outras foram presas e enviadas para Caxias. Mas nem por isso baixaram os braços a uma luta que era comum a muitos estudantes: a luta contra o regime fascista. 

Quem foram estas estudantes que participaram, lado a lado com os seus colegas, neste movimento? Como se deu a sua participação? Quais foram as suas motivações e reivindicações? Como era o clima nas faculdades destas décadas?

Estas são algumas das questões a que procuraremos responder na quinta sessão do Ciclo de Conferências Resistência no Feminino, intitulada As mulheres e o movimento estudantil durante a Ditadura: participação e ativismo nas décadas de 60 e 70, que terá lugar no próximo dia 27 de setembro, às 17 horas. Esta sessão contará com as intervenções dos investigadores Miguel Cardina (CES-UC) e Joana Ralão (HTC-CFE NOVA FCSH), assim como os testemunhos de Aurora Rodrigues, Glória Ramalho, Helena Neves, Maria Augusta Seixas e Maria Emília Brederode dos Santos.

Intervenções:

Mulheres e participação estudantil no final da ditadura 

MIGUEL CARDINA – Centro de Estudos Sociais – Universidade de Coimbra


As mulheres no movimento estudantil da década de 70: contextos de participação e politização

JOANA RALÃO – Mestranda em História Contemporânea e investigadora no HTC-CFE NOVA FCSH


Testemunhos:

AURORA RODRIGUES – Magistrada jubilada do Ministério Público em Évora. Estudante da Faculdade de Direito de Lisboa. Presa em maio de 1973 numa concentração em frente da Faculdade de Letras de Lisboa.

GLÓRIA RAMALHO – Professora no Instituto Superior de Psicologia Aplicada e antiga diretora do GAVE. Presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências de Lisboa no ano letivo de 1970/1971. Presa na manifestação do funeral do estudante Ribeiro Santos em outubro de 1972. 

HELENA NEVES – Jornalista, escritora, investigadora e docente universitária. Estudante da Faculdade de Letras de Lisboa. Foi suspensa da faculdade pelo período de 40 dias.

MARIA AUGUSTA SEIXAS – Jornalista. Estudante da Faculdade de Letras de Lisboa. De 1963 a 1964 foi dirigente das Pedagógicas da Pró-Associação da Faculdade de Letras. Em 1965 foi expulsa de todas as Universidades do país.

MARIA EMÍLIA BREDERODE DOS SANTOS – Autora, investigadora e antiga Presidente do Conselho Nacional de Educação. Estudante da Faculdade de Direito e, pouco tempo depois, da Faculdade de Letras de Lisboa. Participou no movimento estudantil durante a crise de 62 em Lisboa.


Moderação:

MARIA FERNANDA ROLLO – Historiadora, HTC – História, Territórios e Comunidades – CFE, NOVA FCSH e Fundação Mário Soares e Maria Barroso


Data e horário:

27 de outubro de 2022, quinta-feira, às 17h (hora de Lisboa)

Local:

Fundação Mário Soares e Maria Barroso

Rua de S. Bento, 176 – 1200-821 – Lisboa, Portugal

Modalidade de participação: presencial ou online

Acesso livre e gratuito.