29 DE SETEMBRO DE 2022 – 18h

A sexualidade feminina: desafios do passado e do presente

É certo que hoje, por comparação com o passado, se usufrui uma maior liberdade sexual. Sobretudo no que respeita às mulheres, durante muito tempo vítimas da censura e autocensura de todos os impulsos sexuais, as mudanças na esfera da sexualidade são, porventura, um dos maiores marcos da transformação social pela qual a população portuguesa passou nas últimas décadas.

Numa sociedade onde a sexualidade feminina era encarada como uma ameaça da ordem social e onde a moral legítima era só uma, a norma da culpabilidade-sexualidade converteu-se num mecanismo repressivo de todos os comportamentos sexuais considerados indesejados e transgressores. Já o casamento, o único espaço passível de vivência da sexualidade, assentava num paradigma utilitário, destinado à reprodução e à constituição de uma família, onde a castidade e assexualidade da mulher eram exaltadas.

O discurso da domesticidade e das virtualidades femininas persiste até à Revolução de Abril, não obstante os ventos de mudança que a partir dos anos 60, e sobretudo por influência das camadas mais jovens, ameaçam a estrutura sobre a qual assentava a moral vigente do Estado Novo. Após a Revolução e nas décadas subsequentes, com o surgimento de novos códigos morais, onde a sexualidade e o direito ao prazer assumem um papel decisivo, dão-se os primeiros passos para o esboroar do denominado “duplo padrão sexual”. Ainda assim, a sexualidade feminina, apenas recentemente liberta das amarras e da autovigilância a que esteve sujeita, defronta-se com resquícios de um tempo anterior, perpetuando-se diferenças a nível do comportamento sexual entre homens e mulheres. 

Contudo, se no que toca à sexualidade, durante o Estado Novo a repressão e o receio da estigmatização eram transversais a toda a sociedade, lésbicas e homossexuais sofriam uma dupla repressão. Fora de norma, a homossexualidade era condenada institucionalmente, tanto a nível legal como médico. Nas décadas seguintes à Revolução, e tardiamente quando em comparação com outros países ocidentais, os movimentos LGBT desenvolveram lutas pelas direitos e cidadania sexual. Porém, e se institucionalmente se observaram mudanças, a nível das mentalidades persiste ainda um quadro de valores conservadores, onde a misoginia e a homofobia assumem um maior destaque, assim como a aversão à liberdade sexual e afetiva das mulheres e das minorias sexuais e de género. 

Numa perspetiva interdisciplinar, cruzando a história com a sociologia, a quarta sessão do Ciclo de Conferências Resistência no Feminino, intitulada A sexualidade feminina: desafios do passado e do presente, terá lugar no próximo dia 29 de setembro. Esta sessão contará com a participação das investigadoras Inês Brasão (Politécnico de Leiria/IHC NOVA FCSH), Eduarda Ferreira (CICS.NOVA) e Mariana Rodrigues (CIEG/ISCSP-ULisboa) e a moderação de Natividade Monteiro (HTC-CFE). 

Intervenções:

Da negação à insubmissão: traços de resistência à vigilância do corpo das mulheres

INÊS BRASÃO – Professora do Politécnico de Leiria / Instituto de História Contemporânea – IHC | NOVA FCSH


Sexo seguro entre mulheres: da informação, às decisões e comportamentos

EDUARDA FERREIRA – Psicóloga educacional e investigadora no Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais – CICS.NOVA


Direitos LGBTI+: um desafio para o Direito

MARIANA OLIVEIRA RODRIGUES – Doutoranda em Estudos de Género com bolsa FCT através de Centro Interdisciplinar de Estudos de Género – CIEG/ISCSP-UL 


Moderação:

NATIVIDADE MONTEIRO – Historiadora e investigadora de História, Territórios e Comunidades – HTC – CFE – NOVA FCSH


Data e horário:

29 de setembro de 2022, quinta-feira, às 18h (hora de Lisboa)

Local:

Fundação Mário Soares e Maria Barroso

Rua de S. Bento, 176 – 1200-821 – Lisboa, Portugal

Modalidade de participação: presencial ou online

Acesso livre e gratuito.

Assistir à gravação da conferência